Poesía

Diáspora africana: Paula Virgínia Andrade Vasconcelos (Cabo Verde, 1966). Traducción Maribel Roldán

 

 

 

 

 

 

 

 

 

La UNESCO adoptó en 2019, el 24 de enero como el Día Mundial de la Cultura Africana y de los Afrodescendientes, el cual celebra las numerosas y vibrantes culturas del continente africano y de las diásporas africanas en todo el mundo. Ante tal hecho, la revista Literaria Taller Igitur elabora la serie "Diáspora africana" a partir del título A Arqueologia da Palavra e a Anatomia da Língua (2007). Es una antología de poesía portuguesa preparada por el poeta Amosse Mucavele (Maputo, Mozambique, 1987), de la cual extraemos a los poetas de África para la serie de poesía.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paula Virgínia Andrade (Cabo Verde)

 

Traducción Maribel Roldán

 

 

 

 

 

Mi lengua taciturna serpentina

 

Mi lengua taciturna serpentina

alrededor de tu sexo la fragmentación causal de la idea

del brillo perenne que un diamante lunda hoy

vende en la tienda Cartier de París.

 

Te (e)laboro sensaciones de otras eras

en búsqueda inaccesible

semántica de un protón

dentro del cual quizás fuiste sustrato de las especies

entre las cenizas flotantes del universo.

 

Te sientes asceta

estrella moribunda te sientes presagio

de papel de seda entre canales contritos

de las venas iluminadas en un emporio de ternura estearina y vicio

nunca concebido en la faz de la Tierra.

 

Ríos de canela se ciernen sobre la ventana

de tu cuerpo desnudo un bronce de estiércol

de luz de neón construyendo las branquias

soñar la plata de las vocales concisas.

 

Ausencia de barcos en alta mar

gracias a tus ojos. Y mientras todavía

tus ojos rasos de ese dulce resplandor manchan las vocales

lamo estas tardes maternas de navío de hadas

y quissanges de lluvia de metal alocado

por la evolución de las especies en tu sexo medusa.

 

en Este país llamado cuerpo de mujer

 

 

 

 

Teoría económica del afecto

 

Mi mirada conmemora la primitiva acumulación

del capital afectivo cuando desvela

el potencial marítimo

de tu trasero donde tiemblan dioses instrumentales.

 

A mis ojos, el día siempre evade las leyes de la naturaleza.

Entonces tengo tiempo de sobra a la brava

Para construir piedra a piedra

las fábricas de arena en tu pubis

o el ondular de los navíos en tus caderas

hasta registrar en los libros de contabilidad de la memoria

el sueño de alguna gaviota

que anuncia a la luz evanescente del sol poniente

el malvado ícono de tu trasero.

 

Sobre eso, analizo beso a beso la teoría principal

económica del afecto que redunda en la

desconocida riqueza de las naciones

metálicas hipótesis de saliva caliente

ciencia extraordinaria de la productividad del semen

desplazado por el gemido de la aduana

de tu cuerpo anclado en la arena de la playa morena.

 

en Este país llamado cuerpo de mujer

 

 

 

 

 

 

 

Minha língua taciturna serpentina

 

Minha língua taciturna serpentina

ao redor do teu sexo a fragmentação causal da ideia

do brilho perene que um diamante lunda hoje

vende na loja Cartier de Paris.

 

Te (e)laboro sensações de outras eras

na pesquisa inacessível

à semântica de um protão

dentro do qual talvez foste substrato das espécies

entre as cinzas flutuantes do universo.

 

Te sentes ascese

moribunda estrela te sentes prenúncio

de papel de seda entre os canais contritos

das veias acesas num empório de ternura estearina e viço

jamais concebido à face da Terra.

 

Rios de canela assomam à janela

do teu corpo nu um bronze de esterco

de luz de néon construindo as branquias

de sonhar a prata das vogais concisas.

 

Uma ausência de navios no alto-mar

agridoça os teus olhos. E enquanto ainda

os teus olhos rasos desse brilho doce mancham as vogais

eu lambo essas tardes maternais feéricas de rebentação

e quissanges de chuva de metal tocado

pela evolução das espécies na medusa do teu sexo.

 

in Esse país chamado corpo de mulher

 

 

 

 

Teoria económica do afecto

 

O meu olhar comemora a acumulação primitiva

do capital afectivo quando desvenda

o potencial marítimo

da tua bunda onde se agitam deuses instrumentais.

 

Nos meus olhos o dia sempre contorna as leis da natureza.

Assim me tem sobrado tempo à brava

para construir pedra a pedra

as fábricas de areia do teu púbis

ou o ondular dos navios nas tuas ancas

até registar nos livros contabilísticos da memoria

o sonho de alguma gaivota

que anuncie à luz evanescente do sol pôr

o mavioso ícone da tua bunda.

 

Sobre ela decomponho beijo a beijo a principal teoría

económica do afecto que redunda na

desconhecida riqueza das nações

metálicas hipóteses de saliva tépida

extraordinária ciência da produtividade do sémen

desalojadas pelo gemido aduaneiro

do teu corpo fundeado na areia da praia morena.

 

in Esse país chamado corpo de mulher

 

 

 

 

 

 

 

Paula Virgínia Andrade Vasconcelos Lopes (Cabo Verde) (que assina como “paula”), nasceu em 1966, na Freguesia de Nossa Senhora da Luz, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Começou a escrever poesia e prosa aos 9 anos de idade. Fez jornais de escola, participou em programas de rádio, publicou no Voz di Povo, Sopinha de Alfabeto, Folhas Verdes, Ponto &Vírgula. Começou a tirar fotografias aos 13 anos. Estudou medicina em Lisboa onde também fez a especialidade de Saúde Pública. E continuou a escrever prosa, poesia e crónicas no jornal O Cidadão, A Semana, Artiletra, entre outros. Tem viajado e trabalhado em vários países do mundo, mantendo sempre uma ligação umbilical à sua ilha de origem. Continua a escrever e a tirar fotografias. Actualmente vive na parte mais luminosa da cidade de Lisboa. E olha. E escreve. Com uma câmara de bolso e uma caneta azul quando calha.

 

 

 

 

Maribel Sánchez Roldán. (1997, Puebla). Se ha iniciado en la literatura, traducción y enseñanza de las lenguas a edad temprana, lo que llevó a su primera publicación y colaboración poética en “Causalidades: Antología de poesía poblana” (2013) y posteriormente en “Antología viva de la poesía volcánica” (2018). Ha participado a su vez en proyectos literarios nacionales e internacionales, tales como las revistas de difusión poética “Arroba Textos” (2012) “Fractalario” (2015) “Página en Blanco” (2017), “Círculo de Poesía” (2018), “Prosa” (Colombia, 2018) y traducido para las editoriales “Visor” (México, 2018) y “Electrón Libre” (Marruecos, 2018). Entusiasta de la filosofía, el arte, la guitarra, el canto y el dibujo. Actualmente, directora y docente en “Etymos” Estudio de Lenguas Extranjeras.

 

 

 

 

Amosse Mucavele (Maputo, Moçambique, 1987) onde vive. Poeta e jornalista cultural, coordenador do projeto de divulgação literária “Esculpindo a Palavra com a Língua”, foi chefe de redação de “Literatas – Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona”, diretor editorial do Jornal O Telégrafo, Editor Chefe do Jornal Cultural Debate, Editor de Cultura no Jornal ExpressoMoz, Colaborador do Jornal Cultura de Angola e Palavra Comum da Galiza – Espanha. É membro do Conselho Editorial da Revista Mallarmargens (Brasil), da Academia de Letras de Teófilo Otoni (Brasil) e da Internacional Writers Association (Ohio – USA). Representou Moçambique na Bienal de Poesia da Língua Portuguesa em Luanda (2012), nas Raias Poéticas, Vila Nova de Famalicão (2013), no Festival Internacional de Poesia de Córdoba (2016) e em 2017 participou numa série de atividades em Portugal, nomeadamente: IV Festival Literário da Gardunha, no Fundão; VI Encontro de Escritores Lusófonos no âmbito da Bienal de Culturas Lusófonas, Odivelas; Conversa sobre a poesia moçambicana, no Centro Intercultura Cidade, Lisboa; Palestra na Universidade de Lisboa, entre outras. Com textos publicados em diversos jornais do mundo lusófono, publicou os livros: “A Arqueologia da Palavra e a Anatomia da Língua – Antologia Poética”, Revista Literatas, 2013 (coordenação) e “Geografia do Olhar: Ensaio Fotográfico Sobre a Cidade” (editora Vento de Fondo, Córdoba, Argentina, 2016), livro premiado como Livro do Ano do Festival Internacional de Poesia de Córdoba; no Brasil (Dulcineia Catadora Edições, Rio do Janeiro, 2016); em Moçambique (Cavalo do Mar, Maputo, 2017).

 

 

 

 

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