Diáspora africana: Antonio da Névada (Cabo Verde, 1967). Traducción Maribel Roldán
La UNESCO adoptó en 2019, el 24 de enero como el Día Mundial de la Cultura Africana y de los Afrodescendientes, el cual celebra las numerosas y vibrantes culturas del continente africano y de las diásporas africanas en todo el mundo. Ante tal hecho, la revista Literaria Taller Igitur elabora la serie "Diáspora africana" a partir del título A Arqueologia da Palavra e a Anatomia da Língua (2007). Es una antología de poesía portuguesa preparada por el poeta Amosse Mucavele (Maputo, Mozambique, 1987), de la cual extraemos a los poetas de África para la serie de poesía.
Antonio da Névada (Cabo Verde, 1967)
Traducción Maribel Roldán
La rosa, también la rosa
La rosa, también la rosa, Lisboa no es perfecta sin que florezca la
rosa en cada
estación del año, esta rosa no florece en ningún lado más que
en medio de Rossio,
sus espinas tocan a cualquiera tan suavemente como a todos
los pasajeros, esta
rosa es rosa de Lisboa, ella es todos los sentimientos tiernos que
florecen
en esta ciudad, ella es la rosa de los bandidos, de las prostitutas y de los
traficantes, la rosa que acaricia con sus espinas a quien
quiere, esta rosa que no se burla, no odia, recibe a quien
quiera a pesar del color de la piel, es la rosa de la amistad y
de la ayuda, por eso florece en medio de Rossio y
esta rosa es la rosa de los locos y los narcóticos, ella
se entregará al querer hacerse amiga
del forastero, ella es
la rosa de
la amistad.
En O Encanto das Milles Escadas - Tours culturales en Portugal,
Avain 2007
El Corazón del Tiempo
El corazón del tiempo está hecho de hojas semi
despedazadas por zapatos cómodos, magulladas bolas de
papel arrugados tronos hablando en la noche verde, el tallo del
frijol, el ejote y João la voluntad y los colibríes conversadores
del cielo; está hecho de ellos y muchas otras cosas en el corazón del
tiempo. El corazón del tiempo solo habla para aquellos que no saben
porque aquellos que saben, ya no tienen tiempo para escucharlo. El
tiempo mismo ha pasado porque no se puede meter
en un molde siempre corre por las laderas se escapa al horizonte
más lejano, no puede ser domesticado, como al corazón puede
impedírsele latir con más frecuencia, el corazón que ya ha perdido la
esperanza, el nombre, el espejo y la imagen, porque el corazón es
siempre nuevo, en cada nuevo latido, atraviesa montañas
incluso cuando la persona que duerme no lo lleva adentro de
sí una sola imagen que sería más valiosa que otra, es un
corazón democrático, late, late, late, cuando el sol oscurece
en el cielo y el canto del último pájaro se calla a la distancia, sin embargo
late sin pausa hasta quebrar una piedra, una cadena, una
imagen, un imaginario, cualquier cosa que haga al viento
soplar a las nubes moverse, a una persona irse,
recuerda el tiempo en que el bosque era el hogar del corazón
vivía al aire libre con los pájaros hasta que comenzaron las
preocupaciones ...
A rosa, também a rosa
A rosa, também a rosa, Lisboa não é perfeita sem que floresça a
rosa em cada
estação do ano, esta rosa não floresce em qualquer lugar mas
no meio do Rossio,
os espinhos dela tocam ninguém tão suavemente como todos
os passageiros, esta
rosa é rosa de Lisboa, ela é todos os sentimentos ternos que
florescem
nesta cidade, ela é a rosa dos bandidos, das prostitutas e dos
traficantes, a rosa que acaricia com os seus espinhos quem
quiser, esta rosa que não zomba, não odeia, ela recebe quem
quiser apesar do cor a pele, ela é a rosa da amizade e
da ajuda, por isso ela floresce no meio do Rossio e
esta rosa é a rosa dos loucos é dos narcómanos, ela
vai ser entregue ao querer tornar-se um amigo
do forasteiro, ela é
a rosa da
amizade
In O Encanto das Milles Escadas – Voltas da Cultura em Portugal,
Avain 2007,tradução Teresa Salema.
El Corazón del Tiempo
O coração do tempo é feito das folhas em forma de meia
despedaças pelos sapatos da caminhada, machucadas bolas do
papel amarratados tronos falando na noite verde, a haste do
feijão, a vagem e o João a vontade e os colibris faladores
do céu; é feito deles e muitas outras coisas no coração do
tempo. O coração do tempo fala só para quem não sabe
porque eles que sabem, já não têm tempo para o ouvir. O
tempo em si mesmo já passou porque não pode ser preso
num molde escorre sempre pelos desvão escapa até o horizonte
mais longe, não pode ser domesticados, como o coração pode
ser impedido de bater mais vezes, o coração que já perdeu a
esperança, o nome, o espelho e a imagem, porque o coração é
sempre novo, em cada nova batida, atravessa montanhas
mesmo quando quem o porta dorme, não leva dentro de
si uma só imagem que fosse mais valiosa que outra, é um
coração democrático, bate, bate, bate, quando o sol escurece
no céu e o canto do ultimo pássaro se cala ao longe, contudo
bate sem pausa até quebrar-se uma pedra, uma cadeia, uma
imagem, um imaginário, qualquer coisa que faça o vento
soprar as nuvens movimentar-em-se, uma pessoa esquerecer-se,
lembrar-se o tempo quando a floresta era a casa do coração
vivia ao céu aberto com os passáros até começarem os
preocupações…
Tradução Rita Dahl, revisão Jorge Melícias
António de Névada, poeta cabo-verdiano, nasceu em 1967. Viveu a infância e fez os estudos liceais em Cabo Verde (Mindelo) e os estudos universitários em Coimbra. Começa a publicar em periódicos literários em fins dos anos 1980. Durante os primeiros anos da década de noventa faz teatro universitário em Coimbra. Em 1993, é editado pelo ICLD (Instituto Caboverdeano do Livro e do Disco) o seu primeiro livro de poesia, Acto primeiro ou o desígnio das paixões. Em 1999 lança, pela Angelus Novus Editora, o segundo livro de poesia, Esteira cheia ou o abismo das coisas.
Maribel Sánchez Roldán. (1997, Puebla). Se ha iniciado en la literatura, traducción y enseñanza de las lenguas a edad temprana, lo que llevó a su primera publicación y colaboración poética en “Causalidades: Antología de poesía poblana” (2013) y posteriormente en “Antología viva de la poesía volcánica” (2018). Ha participado a su vez en proyectos literarios nacionales e internacionales, tales como las revistas de difusión poética “Arroba Textos” (2012) “Fractalario” (2015) “Página en Blanco” (2017), “Círculo de Poesía” (2018), “Prosa” (Colombia, 2018) y traducido para las editoriales “Visor” (México, 2018) y “Electrón Libre” (Marruecos, 2018). Entusiasta de la filosofía, el arte, la guitarra, el canto y el dibujo. Actualmente, directora y docente en “Etymos” Estudio de Lenguas Extranjeras.
Amosse Mucavele (Maputo, Moçambique, 1987) onde vive. Poeta e jornalista cultural, coordenador do projeto de divulgação literária “Esculpindo a Palavra com a Língua”, foi chefe de redação de “Literatas – Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona”, diretor editorial do Jornal O Telégrafo, Editor Chefe do Jornal Cultural Debate, Editor de Cultura no Jornal ExpressoMoz, Colaborador do Jornal Cultura de Angola e Palavra Comum da Galiza – Espanha. É membro do Conselho Editorial da Revista Mallarmargens (Brasil), da Academia de Letras de Teófilo Otoni (Brasil) e da Internacional Writers Association (Ohio – USA). Representou Moçambique na Bienal de Poesia da Língua Portuguesa em Luanda (2012), nas Raias Poéticas, Vila Nova de Famalicão (2013), no Festival Internacional de Poesia de Córdoba (2016) e em 2017 participou numa série de atividades em Portugal, nomeadamente: IV Festival Literário da Gardunha, no Fundão; VI Encontro de Escritores Lusófonos no âmbito da Bienal de Culturas Lusófonas, Odivelas; Conversa sobre a poesia moçambicana, no Centro Intercultura Cidade, Lisboa; Palestra na Universidade de Lisboa, entre outras. Com textos publicados em diversos jornais do mundo lusófono, publicou os livros: “A Arqueologia da Palavra e a Anatomia da Língua – Antologia Poética”, Revista Literatas, 2013 (coordenação) e “Geografia do Olhar: Ensaio Fotográfico Sobre a Cidade” (editora Vento de Fondo, Córdoba, Argentina, 2016), livro premiado como Livro do Ano do Festival Internacional de Poesia de Córdoba; no Brasil (Dulcineia Catadora Edições, Rio do Janeiro, 2016); em Moçambique (Cavalo do Mar, Maputo, 2017).